Palacete Martinelli
- Frederico Aversa Masson
- 4 de nov. de 2024
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O Palacete Martinelli, localizado no bairro do Flamengo, foi uma mansão que abrigou o empresário ítalo-brasileiro Giuseppe Martinelli e sua família. A arquitetura da mansão era marcada por uma mistura de elementos surrealistas, neogóticos e mouriscos.
Nascido em Luca, na Itália, Giuseppe Martinelli imigrou para o Brasil em 1893. Foi durante a Primeira Guerra Mundial que Martinelli construiu seu império: percebendo a falta de oportunidades de comércio entre o Brasil e a Europa, Martinelli criou uma empresa de navegação — a Lloyde Nacional — focada em exportar produtos agrícolas brasileiros para a Europa. Sua empresa cresceu rapidamente, e, na década de 1920, ele já era proprietário de várias minas e empresas de construção. Ele também foi o responsável pela construção do primeiro arranha-céu de São Paulo — o Edifício Martinelli.
O Palacete Martinelli inicialmente abrigou Custódio de Almeida Magalhães — um importante banqueiro durante os anos do Império no Brasil. A mansão, originalmente projetada pelo arquiteto alemão Thomas Driendl, foi vendida a Giuseppe Martinelli em 1918 pela viúva de Custódio Magalhães, Suzana Hirsck. Logo após a compra, Martinelli contratou o italiano Antonio Virzi para reformar a mansão. Com seu estilo surrealista, Virzi deu à mansão suas características marcantes — como os elementos neogóticos, colunas mouriscas, gárgulas e um uso abundante de mármore. A mansão possuía não apenas um exterior eclético impressionante, mas também um interior luxuoso, com dezenas de lustres de cristal, pinturas de notáveis artistas europeus e mobília glamourosa.
Devido à proximidade da mansão com o Morro da Viúva, Martinelli ordenou a construção de um túnel e um elevador (ambos passando por dentro das rochas) que conectavam a casa ao topo do morro. No topo, Martinelli encomendou a construção de vários jardins e fontes, além de uma capela que replicava a Basílica de Luca, na Itália — destruída durante a Segunda Guerra Mundial. Diz-se que o ditador italiano Benito Mussolini participou da inauguração da capela (Martinelli era um grande admirador de Mussolini, chegando a nomear seu filho em homenagem ao ditador).
Acredita-se que uma vidente cigana disse a Giuseppe que ele morreria no dia em que as obras na mansão cessassem, levando-o a manter a mansão constantemente em reforma. Eventualmente, quando ele faleceu, a mansão (e a maior parte de sua fortuna) foi herdada por seu filho José Benito, que conseguiu gastar quase tudo.
A mansão foi comprada em 1976 pelo corretor Sérgio Dourado. Ele demoliu o edifício, substituindo-o por um complexo residencial chamado Signore del Bosco. No entanto, ele preservou a capela, e os moradores do complexo Signore del Bosco podem visitá-la e utilizar o túnel até hoje.
Fontes & Referências Bibliográficas
Bafafá. (n.d.). Túnel no Morro da Viúva: um lugar quase secreto no Rio de Janeiro. Retrieved from https://bafafa.com.br/turismo/coisas-do-rio/tunel-no-morro-da-viuva-um-lugar-quase-secreto-no-rio-de-janeiro
Signore del Bosco. (n.d.). Palacete. Retrieved from https://www.signoredelbosco.com/palacete
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