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Estação Leopoldina


A Estação Ferroviária Leopoldina foi uma estação ferroviária localizada no bairro de Santo Cristo, no Centro do Rio de Janeiro. Seu nome oficial, entretanto, é Estação Ferroviária Barão de Mauá, em homenagem a Irineu Evangelista de Souza — o Barão de Mauá — que foi um dos pioneiros na construção de ferrovias no Brasil no século XIX. Inaugurada em 6 de novembro de 1923, a estação funcionou até fevereiro de 2001, quando foi desativada.


Antes da construção da estação, uma linha ferroviária já conectava o Rio de Janeiro a Petrópolis e às regiões produtoras de café do estado. Diferentes seções dessa linha — a Linha Leopoldina — foram construídas em períodos diversos: o primeiro trecho foi construído pelo Barão de Mauá em 1854, ligando o Porto Mauá à Estação Raiz da Serra (ambos localizados na cidade de Magé), sendo a ferrovia mais antiga do Brasil. A linha foi subsequentemente estendida até a Estação Piabetá (também em Magé) e, de 1883 a 1886, até Petrópolis e a Estação Areal (ambas na Região Serrana do Rio de Janeiro). Finalmente, a linha foi estendida até a Estação São Francisco Xavier, na Zona Norte do Rio, de 1886 a 1888. No entanto, devido a uma incompatibilidade entre os trilhos da Linha Leopoldina e os das Estações Central do Brasil e Rio D'Ouro (localizadas, respectivamente, nas Regiões Central e Portuária do Rio), os passageiros precisavam trocar de trem para acessar essas áreas. Essa necessidade era considerada uma grande desvantagem da Linha Leopoldina, o que motivou discussões, desde 1909, sobre a extensão da linha e a criação de uma nova estação no Centro do Rio para eliminar a necessidade de transferências.


Para resolver essa questão, foram feitas solicitações ao Governo Federal para autorizar a extensão da Linha Leopoldina e a construção de uma nova estação no Centro — autorização que foi concedida. Inicialmente, em 1910, a Linha Leopoldina foi estendida até a Praia Formosa, na Região Portuária, onde uma estação temporária operou até 1926, enquanto a construção da estação no bairro de Santo Cristo estava em andamento. Essa estação — a Estação Barão de Mauá — foi construída entre 1922 e 1926 e inaugurada em 6 de novembro de 1926. Uma vez concluída, a Linha Leopoldina foi estendida até essa estação, o que levou ela a ser popularmente conhecida como Estação Leopoldina.


A Estação Ferroviária Barão de Mauá foi projetada pelo arquiteto escocês Robert Prentice, que se inspirou em palácios ingleses e na Estação Victoria de Londres. Com um estilo eclético, a arquitetura da estação diverge dos planos originais de Prentice, pois suas instruções não foram seguidas à risca, resultando em um edifício assimétrico, sem um lado esquerdo (no projeto original, a estação teria lados simétricos). Ainda assim, a estação tornou-se um marco da arquitetura eduardiana no Brasil, recebendo elogios de muitos cidadãos e entusiastas da arquitetura.


Durante a década de 1930, surgiram discussões sobre a possibilidade de a Estação Leopoldina também acomodar as linhas auxiliares das Estações Central do Brasil e Rio D'Ouro, ambas pertencentes ao Governo Federal. No entanto, como o Governo Federal apenas propôs mas nunca financiou a construção dos trilhos, ficou determinado, em 1934, que apenas a Linha Leopoldina operaria a partir da Estação Leopoldina.


Além de sua imponente fachada, a Estação Leopoldina contava com um interior suntuoso. O vasto saguão central da estação, com suas colunas e teto arqueado, criava um espaço impressionante que abrigava não apenas terminais de trem, mas também cafés, barbearias, tabacarias e uma agência bancária. Durante seu período de maior operação, a Estação Leopoldina integrava várias regiões do estado do Rio de Janeiro e o conectava a outros estados do Sudeste do Brasil, com trens partindo para Petrópolis, Guapimirim, Friburgo, Vila Inhomirim e Campos (todos no estado do Rio de Janeiro), Vitória (Espírito Santo) e sudeste de Minas Gerais. De 1994 a 1998, também conectou o Rio de Janeiro a São Paulo com a linha do Trem de Prata.


Após a Segunda Guerra Mundial, o Brasil passou a priorizar as rodovias em detrimento das ferrovias, com diversas políticas governamentais estimulando o uso de automóveis. Com o tempo, carros e rodovias tornaram-se o principal meio de transporte no país, levando a um declínio na importância e no uso das ferrovias. Consequentemente, a Estação Leopoldina, após atingir seu auge durante as décadas de 1940 e 1950, viu sua operação diminuir ano após ano, com menos passageiros utilizando seus trens. Os trens para Minas Gerais e Espírito Santo, que operavam diariamente desde a inauguração da estação em 1926, cessaram suas operações na década de 1980, com a estação ficando mais dedicada ao transporte dentro da cidade e do estado do Rio. O golpe final veio em 2001, quando ocorreu um acidente grave: um trem vindo da Estação São Cristóvão perdeu o freio e descarrilou, colidindo com uma coluna em um dos terminais da estação. Após esse incidente, a Estação Leopoldina foi desativada, com a maioria de suas linhas ferroviárias sendo realocadas para a Central do Brasil.


Desde 2001, a Estação Leopoldina permanece em grande parte abandonada, sendo utilizada apenas esporadicamente em períodos breves. Sua fachada mostra sinais de negligência e abandono, com portas e janelas quebradas e estruturas enferrujadas e rachadas. Apesar disso, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), em 2008, tombou a estação como patrimônio histórico.


Desde a desativação da Leopoldina em 2001, inúmeros projetos de restauração e revitalização foram propostos. Contudo, foi apenas em maio de 2024, com o prefeito Eduardo Paes, que um plano de revitalização abrangente começou a ser implementado: a custódia da estação foi transferida do Governo Federal para a Prefeitura do Rio de Janeiro, que planeja renovar a estação e revitalizar suas imediações. De acordo com o projeto da Prefeitura, a estação e seus arredores ganharão um projeto habitacional (com 700 unidades), áreas verdes, um centro de convenções, unidades de saúde e escolas públicas, além da Fábrica do Samba (14 galpões para as escolas de samba da Série Ouro do Carnaval carioca).




Fontes & Referências Bibliográficas

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